ERA UMA VEZ NA AMÉRICA LATINA #2
Conheça os 17 filmes latino-americanos que concorreram a uma indicação ao Oscar 2021 de Melhor Filme Internacional
Adiada para abril por conta da pandemia do novo coronavírus, a 93.ª cerimônia do Oscar acontece amanhã, domingo (25). Neste ano, 17 países latino-americanos enviaram candidatos à categoria de Melhor Filme Internacional. Desses, nove escolheram obras dirigidas por mulheres. Nenhum deles terminou na lista de cinco indicados finais, mas “Agente Duplo” (El Agente Topo, no original), representante do Chile na competição, concorre na categoria Melhor Documentário.
Vale lembrar que embora tenha ficado de fora da categoria de filme internacional desta vez, o cinema latino-americano tem vivido uma excelente fase em premiações internacionais nos últimos anos, incluindo o próprio Oscar. Na edição de 2018, por exemplo, o chileno “Uma Mulher Fantástica” venceu na categoria Melhor Filme Internacional e se consagrou como primeiro longa protagonizado por uma pessoa transexual a levar uma estatueta. No mesmo ano, “A Forma da Água”, produção hollywoodiana dirigida pelo mexicano Guillermo del Toro, ganhou em quatro categorias, entre elas Melhor Filme e Diretor. Em 2019, também mexicano Alfonso Cuarón brilhou com “Roma”, longa vencedor das categorias Melhor Filme Internacional, Melhor Diretor e Melhor Fotografia.
Ainda que imersa em contradições, a premiação segue sendo a maior vitrine cinematográfica existente. Por isso, os filmes representantes de cada país costumam dizer muito sobre o que de mais expressivo tem sido produzido pelos cinemas ao redor do mundo.
Confira a seguir a lista dos pré-selecionados latino-americanos que concorreram a uma vaga no Oscar 2021:
Argentina - Los Sonámbulos (Paula Hernández)
Com direção e roteiro de Paula Hernández, “Los Sonámbulos” tem como tema central uma relação entre mãe e filha durante as férias de verão. Convivendo com a família toda reunida na casa da avó para as festas de fim de ano, a protagonista (Érica Rivas, de “Relatos Selvagens”) se divide entre a performance da boa nora, uma crise matrimonial e a preocupação com a filha adolescente sonâmbula.
Aqui, Hernández dedica atenção aos detalhes psicológicos do despertar de personagens absolutamente comuns, postos à prova quando um acontecimento em particular os retira da letargia e impele à ação. O resultado é um filme íntimo e, ainda assim, acachapante.
Disponível no Prime Video
Imagem: divulgação
Bolívia - Chaco (Diego Mondaca)
Como o próprio título sugere, o longa dirigido por Diego Mondaca é um drama histórico sobre a guerra do Chaco, interessado não na guerra como um todo, mas na guerra miserável enfrentada por um pequeno regimento de soldados indígenas bolivianos, aymaras e quechuas, que, dirigidos por um comandante alemão, são submetidos à fome e a todo tipo de adversidade para cumprir uma missão já disparatada.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Brasil - Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou (Bárbara Paz)
Naturalizado brasileiro, o diretor argentino Héctor Babenco marcou a história do cinema nacional com obras como “Pixote, a Lei do Mais Fraco” e “O Beijo da Mulher Aranha”. Em “Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou”, porém, ele troca o lado da câmera com sua companheira Bárbara Paz, transformando-se em protagonista de um documentário emocionante.
Num fluxo narrativo íntimo e poético, rodado em preto e branco, Paz registra os últimos dias de Babenco, dando ênfase ao seu amor pelo cinema e à sua luta de anos contra o câncer. Não se trata de um filme convencional, dedicado a apresentar vida e obra de um artista. Trata-se, na verdade, de uma homenagem apaixonada aos sonhos, memórias e reflexões de um homem que durante muito tempo conviveu com a iminência da morte. Uma carta de amor audiovisual.
Disponível nas plataformas Google Play, Looke, iTunes, Net, Vivo Play.
Imagem: divulgação
Chile - Agente Duplo (Maite Alberdi)
Contratado por uma agência de detetives privados para se infiltrar numa casa de repouso e investigar um suposto caso de maus-tratos, Sérgio, aos 83 anos, é o protagonista do documentário de Maite Alberdi - agora indicado a Melhor Documentário. Às vezes jocoso e outras tantas vezes melancólico, o longa aborda questões delicadas como brecha digital e solidão na velhice.
Crítica de Agente Duplo / Disponível na Globoplay
(Fonte: Netflix Latinoamérica/ YouTube)
Colômbia - El olvido que seremos (Fernando Trueba)
Trata-se de um drama biográfico que narra a vida pessoal e profissional do médico Héctor Abad Gómez, ativista pelos direitos humanos na Medellín polarizada e violenta dos anos 1970.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Costa Rica - Ceniza Negra (Sofia Quiros)
Selva tem 13 anos e mora em uma cidade costeira do Caribe. Depois de perder subitamente sua única figura materna, ela fica sozinha com o avô, que parece não querer mais viver. A situação impõe um dilema à garota: será melhor ajudar o avô a realizar seu desejo de partir, mesmo que isso signifique encarar o resto da infância em completa solidão?
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Cuba - Buscando a Casal (Jorge Luis Sánchez)
No drama “Buscando a Casal”, Jorge Luis Sánchez aborda a vida pessoal e criativa do poeta modernista cubano Julián del Casal, que durante o período colonial mantinha uma postura de enfrentamento ao governo espanhol.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Equador - Vacío (Paul Venegas)
Focado na imigração de chineses para o Equador e 70% falado em mandarim, o drama “Vacío” apresenta a história de Lei e Wong, dois imigrantes que chegam clandestinamente ao país. Ela tem Nova York como destino final, e ele tem como principal objetivo trazer o filho para junto de si.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Guatemala - La Llorona (Jayro Bustamante)
Invocando o realismo mágico que tanto enriquece a contação das mais duras histórias latino-americanas, Jayro Bustamante entrega ao espectador um filme que se dedica a resgatar memórias coletivas sobre os genocídios indígenas praticados por militares na Guatemala do início dos anos 1980.
Na trama, o espírito de uma das mulheres assassinadas aparece para assombrar o general ditador responsável pelos massacres do passado, expondo as falhas da justiça dos homens.
Crítica de La Llorona / Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Honduras - Días de Luz
Composto por diversas histórias paralelas, “Días de Luz” tem como premissa geral um apagão que deixa sem energia elétrica toda a América Central. Portanto, cada uma das histórias do filme se passa em um dos países afetados da região, abordando as consequências locais do tal apagão.
Embora tenha oficialmente representado Honduras no Oscar, a produção foi filmada e dirigida por um diretor de cada um dos países envolvidos: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá. Em Honduras, Enrique Medrano e Servio Tulio Mateo assinam direção e produção.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
México - Ya No Estoy Aquí (Fernando Frías de la Parra)
Em “Ya No Estoy Aquí”, Ulises (Juan Daniel Garcia) é um jovem de 17 anos que depois de um mal entendido com as lideranças de um dos cartéis locais se vê obrigado a abandonar Monterrey e emigrar para o Queens, nos EUA.
Nesse processo de deslocamento, ficam para trás a família e o grupo de amigos com quem ele compartilhava o amor pela cumbia colombiana. Aqui, porém, a recorrente história do mexicano que emigra para os EUA, fugindo da violência ou da miséria, serve como pretexto para um olhar singular sobre o México.
Crítica de Ya No Estoy Aquí / Disponível na Netflix
Fonte: Netflix Latinoamérica/ YouTube
Panamá - Operación Causa Justa (Luís Franco Brantley, Luis Pacheco)
Baseado em fatos reais, o representante panamenho no Oscar leva o nome que o presidente estadunidense George Bush (pai) deu à invasão militar de seu país contra o Panamá, em dezembro de 1989. Na época, a operação Causa Justa foi considerada a maior operação de combate desde a Guerra do Vietnã. Através de relatos ficcionais, então, o filme busca reconstituir o período da invasão estadunidense sob a perspectiva dos próprios panamenhos.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Paraguai - Matar a un Muerto (Hugo Giménez)
Paraguai, 1978. Durante o regime militar do ditador Alfredo Stroessner, e em meio ao massacre instalado nos países do Cone Sul pela Operação Condor, dois homens humildes e comuns compartilham de uma rotina macabra: para ganhar a vida, eles se dedicam a, clandestinamente, enterrar os cadáveres da repressão. A rotina letárgica é rompida quando uma das vítimas chega aos coveiros ainda respirando. A partir daí, o filme levanta uma discussão sobre os dois protagonistas serem, ao mesmo tempo, vítimas e cúmplices daqueles que os empregam.
Crítica de Matar a un Muerto / Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Peru - Canción sin Nombre (Melina León)
O primeiro longa-metragem de Melina León tem como temática central o escândalo dos roubos de bebês no Peru dos anos 1980, no auge da crise política.
Georgina (Pamela Mendoza Arpi), a protagonista, é uma jovem ayacuchana que migra para Lima para escapar do terrorismo do grupo Sendero Luminoso no campo. Quando sua filha recém-nascida é roubada de uma clínica falsa, Georgina conhece um jornalista que a ajudará na investigação do paradeiro da menina.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Fonte: Netflix Latinoamérica/ YouTube
República Dominicana - Mis 500 Locos (Leticia Tonos)
Ambientado em 1953, durante a ditadura de Rafael Trujillo, e filmado em 2000, “Mis 500 Locos” recria a fuga de um grupo de pessoas com deficiências mentais de um hospital psiquiátrico em Nigüa. Depois do episódio, um novo diretor é nomeado para organizar a instituição.
Falando de saúde mental em um contexto sociopolítico de autoritarismo, o filme questiona se a loucura vive dentro ou fora das paredes do hospital.
Ainda sem previsão de estreia comercial no Brasil.
Imagem: divulgação
Uruguai - Alelí (Leticia Jorge Romero)
Esta dramédia cheia de carisma tem início após a morte do patriarca Mazzotti, quando os três filhos do falecido precisam decidir juntos o que fazer com a casa de praia da família e com o futuro da viúva Alba (Cristina Morán).
Crítica de Alelí / Disponível na Netflix
Imagem: divulgação
Venezuela - Érase una vez en Venezuela, Congo Mirador (Anabel Rodriguez Rios)
No documentário, Anabel Rodriguez Rios registra o findar de um pequeno povoado ribeirinho que definha sob a sedimentação causada pelo extrativismo petroleiro, afetado diretamente pela polarização política e pelas contradições de todo o contexto sociopolítico e econômico da Venezuela contemporânea.