ERA UMA VEZ NA AMÉRICA LATINA #26
Conheça os 13 filmes latino-americanos que concorrem a uma indicação ao Oscar 2024 de Melhor Filme Internacional
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Terminou em 2 de outubro o prazo para que os países interessados em disputar uma indicação ao Oscar 2024 de Melhor Filme Internacional determinassem seus representantes. Ao todo, 13 países latino-americanos estão na competição. Desses, apenas três (Costa Rica, México e Panamá) escolheram filmes dirigidos por mulheres.
Como de costume, os filmes selecionados traçam um amplo panorama do que tem estado em evidência nas produções da região. Neste ano, chama atenção a diversidade de gêneros cinematográficos entre os selecionados - embora as comédias dramáticas apareçam com frequência. A Argentina, por exemplo, tentará uma indicação ao Oscar com um filme de assalto que é também uma comédia e um drama existencialista. O Brasil, com Retratos Fantasmas, apresenta um documentário com doses de autoficção. O Paraguai, um filme de ação. E o Chile, um faroeste histórico. Também há os filmes sobre amadurecimento e as abordagens sobre masculinidades problemáticas.
Vale mencionar que Cuba chegou a se inscrever com El Mundo de Nelsito (de Fernando Pérez, mesmo diretor de Últimos Dias em Havana), uma comédia dramática sobre como um menino autista de 16 anos enxerga seu mundo e as pessoas que o rodeiam, mas ficou de fora da lista de 88 produções elegíveis para a categoria.
Uma lista reduzida de 15 pré-finalistas será anunciada em 21 de dezembro, e as cinco indicações finais serão divulgadas em 23 de janeiro, junto dos indicados das demais categorias. A cerimônia do Oscar acontece em 10 de março de 2024.
Conheça um pouco mais sobre cada um dos filmes latino-americanos selecionados por seus países:
ARGENTINA: Os Delinquentes, de Rodrigo Moreno
Dirigido por Rodrigo Moreno, nome importante do chamado “novo cinema argentino”, o filme tem como protagonistas dois homens (Daniel Elías y Esteban Bigliardi) que decidem escapar da rotina medíocre a que estão condenados por toda a vida roubando do banco onde trabalham uma quantia que lhes garanta passar a viver com tranquilidade.
“Sinto que há uma coisa com o tempo que é exposta pelo protagonista e que é interessante: essa abordagem do tempo. O tempo do trabalho (que está enquadrado na rotina diária de bater ponto ao entrar e sair do banco), o que fazer com o tempo livre, com o tempo da vida”, refletiu Moreno em entrevista à CNN.
Crítica de Os Delinquentes na edição #22
Disponível na MUBI
BOLÍVIA: El Visitante, de Martín Boulocq
Coproduzido por Bolívia e Uruguai, El Visitante conta a história de um ex-presidiário chamado Humberto (Enrique Araoz) que ganha a vida cantando em velórios. Seu maior desejo é poder restabelecer uma relação com sua filha, mas os avós maternos da menina, pastores neopentecostais ricos e influentes, não estão dispostos a abrir mão da guarda de sua única neta.
El Visitante esteve na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sem previsão de data de estreia comercial no Brasil.
BRASIL: Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho
Entre a autoficção e o documentário, Kleber Mendonça Filho trata das mudanças geográficas e sociais enfrentadas pelo centro do Recife ao longo dos anos a partir de sua relação com as salas de cinema que movimentavam a região durante o século XX, com a casa de sua família e com seu próprio fazer cinema.
Disponível na Netflix
CHILE: Los Colonos, de Felipe Gálvez
Em Los Colonos, seu primeiro longa, Felipe Gálvez revisita a história do genocídio do povo Selknam, na Terra do Fogo, no extremo sul da América do Sul.
Ambientado em 1901, o filme, um faroeste, acompanha três homens contratados por um rico proprietário de terras para abrir caminho para suas ovelhas até o Atlântico. Entre eles está um tenente inglês, um mercenário estadunidense e o guia Segundo (Camilo Arancibia), um chileno mestiço que se torna cúmplice involuntário do extermínio indígena.
Nos cinemas em 25 de janeiro e em breve na MUBI
COLÔMBIA: Un Varón, de Fabián Hernández
Carlos (Felipe Ramírez) vive em um lar para jovens no centro de Bogotá. Seu desejo de fim de ano é poder passar o natal com sua mãe e com sua irmã. Ao sair do internato, porém, o jovem é confrontado pela dureza das ruas de seu bairro, onde impera a lei do mais forte, do mais “macho”.
Un Varón esteve na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sem previsão de data de estreia comercial no Brasil.
COSTA RICA: Tenho Sonhos Elétricos, de Valentina Maurel
Eva (Daniela Marín Navarro) tem 16 anos e quer desesperadamente deixar de viver com a mãe para ir morar com o pai. O problema é que desde a separação o pai de Eva tem vivido uma espécie de segunda adolescência e sequer tem uma casa. Nesse drama de amadurecimento, seu primeiro longa-metragem, Valentina Maurel aborda questões relacionadas a gênero, geração, afeto e toxicidade.
Disponível na MUBI
MÉXICO: Tótem, de Lila Avilés
Em seu segundo longa-metragem, Lila Avilés conta a história de Sol (Naíma Sentíes), uma menina de sete anos que está passando o dia com toda a família na casa do avô, ajudando com os preparativos da festa surpresa que estão organizando para seu pai doente. Conforme o dia avança, porém, a convivência se transforma em caos e revela para Sol estruturas familiares fraturadas.
“Tótem é uma sopa quente, um conforto, um abraço”, comenta a diretora em entrevista para ZoomF7
Avilés já havia representado o México no Oscar em 2020 com seu primeiro longa, A Camareira, disponível no catálogo da FILMICCA.
Tótem esteve na programação do Festival do Rio 2023. Sem previsão de data de estreia comercial no Brasil.
PANAMÁ: Tito, Margot y Yo, de Mercedes Arias e Delfina Vidal
Descrito como “um documentário biográfico, um drama político e uma homenagem à dança”, Tito, Margot y Yo trata da história de amor vivida pela britânica Margot Fonteyn, considerada uma das melhores bailarinas do século XX, e Roberto Tito Arias, advogado e diplomata panamenho, descendente de uma influente família política no Panamá.
Margot Fonteyn chegou a ser presa no Panamá por articular um golpe com o marido contra o regime autoritário do então presidente Ernesto de La Guardia. Na BBC
O filme é dirigido por Delfina Vidal e Mercedes Arias, sobrinha do casal.
Sem previsão de estreia no Brasil.
PARAGUAI: Leal 2, Comando Yaguareté, de Armando Aquino e Mauricio Rial
O longa de ação/policial “Leal 2, Comando Yaguareté” é uma sequência de “Leal, Solo Hay una Forma de Vivir” (disponível na Netflix), grande sucesso de bilheteria no Paraguai em 2018.
Na trama, Andrea Quattrocchi retoma seu papel de Betty, uma ex-agente da Secretaría Nacional Antidrogas (Senad) que deve salvar a vida de um companheiro com a ajuda de Graciela Agüero (Lali González), nova chefe da instituição.
“Ter duas protagonistas mulheres marca um caminho dentro da indústria cinematográfica paraguaia, assim como outros filmes mais de festival já fizeram, mas dentro do que sempre quisemos fazer, que são os filmes mais mainstream, pipoca. Poder dar a elas seu espaço é o mais importante”, afirma o produtor executivo Dani Da Rosa sobre a decisão de colocar Quattrocchi e González no centro da história. Em Hei Now
Sem previsão de estreia no Brasil
PERU: La Erección de Toribio Bardelli, de Adrián Saba
Em La Erección de Toribio Bardelli, um viúvo (Gustavo Bueno) deprimido e ranzinza tenta escapar das amarguras do luto vivido pela perda recente da esposa se entupindo de remédios para conseguir voltar a ter relações sexuais. Os filhos tentam cuidar de Toribio, mas cada um deles também tem suas próprias questões a superar.
Crítica de La Erección de Toribio Bardelli na edição #24
La Erección de Toribio Bardelli esteve na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sem previsão de data de estreia comercial no Brasil.
REPÚBLICA DOMINICANA: Cuarencena, de David Maler
Em 2020, no meio da pandemia de Covid-19, um chef renomado e sua esposa decidem burlar a quarentena para oferecer um jantar a alguns poucos amigos. A partir desse jantar, David Maler desenvolve uma comédia dramática de humor ácido sobre relações de amizade e essência humana.
Sem previsão de estreia no Brasil
URUGUAI: Temas Propios, de Guillermo Rocamora
O protagonista de Temas Propios, Manuel (Franco Rizzaro), é um adolescente de 18 anos que sonha ter uma banda e viver de música. Seus pais, recentemente divorciados, enxergam esse sonho de maneiras diferentes. A mãe (Valeria Lois) acredita que a música deve ser um hobby e que o garoto deve estudar algo mais formal, enquanto o pai (Diego Cremonesi), um tipo um tanto imaturo, encontra no sonho do filho a oportunidade de formar a banda que não conseguiu ter na juventude. Entretanto, o choque geracional acaba por tornar o projeto familiar insustentável.
Um drama sobre sobre as dificuldades de crescer.
Sem previsão de estreia no Brasil
VENEZUELA: La Sombra del Sol, de Miguel Ángel Ferrer
La Sombra del Sol conta a história de Alex (Anyelo López), um jovem surdo que pede a seu irmão mais velho, Leo (Carlos Manuel González), que participe com ele de um concurso musical em Caracas.
Ambos moram em Acarigua, uma província venezuelana. Uma pequena cidade de planície, onde a rotina é complicada, especialmente por conta das adversidades de um país de incertezas. Desde a morte dos pais, porém, os irmãos vivem afastados. O concurso os reaproximará. Em Crónica Uno
Sem previsão de estreia no Brasil
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