ERA UMA VEZ NA AMÉRICA LATINA #36
PRISÃO NOS ANDES: “Eu imaginava cinco vampiros enclausurados que de repente despertam com todo seu horror e suas pegadas de sangue", diz diretor de filme sobre militares da ditadura chilena.
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PRISÃO NOS ANDES
Cinco militares de alto escalão condenados pelos crimes lesa-humanidade que cometeram durante a ditadura Pinochet são os protagonistas de “Prisão nos Andes” (“Penal Cordillera”, no original), primeiro longa-metragem do chileno Felipe Carmona.
Lançado nos cinemas brasileiros no último dia 19, com distribuição Retrato Filmes, o longa é ambientado em 2013, 40 anos após o golpe militar. Na época, esses generais, coronéis e brigadeiros condenados cumpriam suas penas num casarão aos pés da Cordilheira dos Andes, vivendo mais uma espécie de retiro cheio de privilégios do que de fato uma prisão.
O pontapé inicial da trama é a polêmica entrevista que um deles, Contreras (Hugo Medina), concede à televisão, insuflando os ânimos da opinião pública e colocando em risco as mordomias das quais ele e seus colegas desfrutavam até então.
A partir daí, o diretor (também roteirista), entre fatos históricos e ficção, se valendo do horror na construção de uma atmosfera habitada por algozes, nos empurra para dentro de um universo que tem seu próprio funcionamento: ali isolados entre as montanhas e seus delírios de grandeza, esses militares moldam como podem o alcance de seus poderes. Recebem regalias todo o tempo, se gabam de seus feitos, mantêm uma relação hierárquica com os jovens guardas policiais que deveriam ser seus carcereiros, submetendo-os a papéis de pupilos e/ou empregados.
É com base nas dinâmicas estabelecidas na cotidianidade tão decadente quanto bizarra dessa prisão nos Andes que Carmona nos dá pistas sobre como a relação do povo chileno com a memória da ditadura atravessou as décadas e sobre como as instituições do país ainda podem se comportar como reféns daqueles tempos.
Felipe Carmona concedeu uma entrevista ao Era uma Vez na América Latina. Confira:
VP: Felipe, seu filme estreia no Brasil poucos dias depois de completados 51 anos do golpe militar de Pinochet. Um filme sobre autoritarismos que permanecem latentes, sobre contas que não foram de fato acertadas com o passado. Desde então, o Chile ainda vive sob a mesma Constituição, por exemplo. Queria que você comentasse um pouco sobre isso.
FC: Acredito que a ditadura ainda impacta de maneira importante [o país]. Continuam aí os tiranos. Temos eleições livres, somos um país democrático em muitas coisas, mas quando se tem uma Constituição vigente da ditadura, que está pensada para a privatização… No Chile até a água é privatizada, não é estatal. A educação, a saúde, por tudo isso se paga muito dinheiro. É um sistema de choque neoliberal, e isso produz uma gigantesca fratura social no país. Uma pessoa que vai à universidade fica endividada por 15 ou 20 anos, porque é uma dívida que passa pelos bancos privados e no final se acaba pagando cinco ou seis vezes o valor real do curso. Às vezes as pessoas esquecem que tudo isso tem a ver com a ditadura. Enquanto não se mexe na raiz [dos problemas], que é a Constituição, o Chile seguirá golpeando-se contra a mesma parede.
VP: Apesar de o filme ser uma ficção, você decide usar nomes reais de militares da ditadura. Por quê?
FC: Basicamente para envolver o público chileno, para que as pessoas se relacionassem com isso. Me parecia que era algo que deveria ser feito. Você é o assassino, Manuel Contreras. Você é o assassino, Miguel Krassnoff. Poder dizer sem tabus, sem temores. Obviamente nos respaldamos legalmente, porque, claro, havia complexidades legais. Mas também gosto muito dessa mistura entre realidade e ficção, uma ficção exacerbada, essa mistura de fatos históricos com coisas mais delirantes, que acho que vem do meu gosto pela literatura.
VP: Que tipos de cuidado você pensou em ter ao ficcionalizar esses militares? Ao contar uma história que tem algozes como protagonistas?
FC: Era super complexo, é uma situação em que em algum momento você pode dar uma espécie de voz de justificação para esses personagens. Então também me coloquei no lugar de espectador, de alguém que fosse filho de uma vítima da ditadura ou de alguém que tenha vivido essas aberrações, vendo esses homens na tela dizendo à vontade: “eu fiz isso, por isso e isso outro”...
Mas são cenas que incomodam, há cenas que ainda me incomodam. Fizemos um jogo macabro com a memória. Também faz parte, não posso me censurar. É parte do cinema fazer isso. Como pensavam esses homens, o que se produziu através da ditadura… Para que o filme causasse impacto, tomamos esse caminho.
VP: Você se preocupa em trabalhar as dinâmicas de poder e as relações que se estabelecem dentro daquele pequeno universo de homens. A relação entre masculinidade e autoritarismo/violência é um assunto que te chama atenção?
FC: No filme, me chama atenção em particular como imaginar esses homens trancados com esse ódio. Corpos mais velhos, corpos jovens, rodeados de montanhas. O filme tem como uma referência “Beau Travail” (“Bom Trabalho”, em português), onde Claire Denis filma legionários estrangeiros, corpos de homens sob o olhar de uma mulher, corpos atléticos mas também com um pouco dessa loucura que há aqui no filme. Em “Prisão nos Andes” está essa masculinidade, essa clausura, não há personagens femininas, a não ser por um par de arquétipos, uma mulher prostrada, uma bailarina… É um filme tão de homens, algo que sempre discutimos, uma coisa de masculinidade super arcaica, super militarizada, de hierarquias, que tem também sequelas como a repressão da sexualidade, dos desejos. É como uma amálgama de sensações que é bem interessante.
VP: O filme também se aventura por gêneros e estilos cinematográficos (suspense, horror, cinema mudo). São recursos que acabam compondo o macabro da história. Como você pensou essa composição de atmosfera?
FC: O cruzamento de gêneros para mim era crucial. É algo que me interessa seguir explorando caso tenha a sorte de fazer mais filmes. Adoro quando se mistura a comédia com terror, com o thriller. É um exercício complexo e acredito que ele contribua muito para o macabro da história. Eu imaginava o filme como se fossem cinco vampiros, cinco nosferatus enclausurados, esquecidos, que estão condenados a 800 anos de invisibilidade ali no meio da cordilheira, e que de repente despertam com todo seu horror e suas pegadas de sangue. E assim se mistura o terror B com o horror, com o absurdo. Há também certa referência e homenagem ao cinema mudo, e eu gosto muito do expressionismo, então isso impacta a fotografia, a música… Queria construir essa sensação de uma coisa de cotidianidade que vai se transformando em algo mais terrível, delirante, surrealista e incontrolável entre os personagens, que termina sendo grotesco. Então acho que isso ficou bem retratado no filme.
VP: Qual a importância da coprodução brasileira na realização do filme?
FC: A coprodução tem tanta importância que estamos armando a estratégia para que o próximo filme seja também uma coprodução com o Brasil. Foi vital. Não teríamos conseguido realizar o filme [sem ela]. Foi vital o aporte de recursos e também o talento da equipe, a produção com Daniel Pech (fundador da distribuidora Retrato Filmes), a montagem com Olivia Brenga, a pós-produção com Daniel Turini... Metade da equipe é brasileira e estou muito contente com o trabalho realizado por todos. Para mim, apesar de abordar um tema específico do Chile, o filme é tão chileno quanto brasileiro. E espero não só voltar a produzir e pós-produzir aqui, mas também poder filmar no Brasil.
NO STREAMING
MUBI
CURTAS CHILENOS
Em ocasião do 11 de setembro chileno, data em que golpe de estado que pôs fim ao governo de Salvador Allende e deu início a uma ditadura civil-militar no país completa 51 anos, a MUBI Brasil disponibiliza em seu catálogo três curtas-metragens de animação que exploram a repressão política, a tortura e as detenções forçadas, convidando a refletir sobre os efeitos profundos desse período na história recente do Chile.
Compõem a coletânea o clássico “Historia de un Oso”, de Gabriel Osorio Vargas, filme que se desenvolve como uma fábula sobre as violências vividas por presos políticos, exilados e desaparecidos do regime militar e que foi vencedor do Oscar 2016 de Melhor Curta-metragem em Animação; “Bestia”, de Hugo Covarrubias, protagonizado por uma famosa torturadora do período pinochetista e indicado ao Oscar 2022 de Melhor Curta-metragem de Animação; e “La Copia Feliz del Edén”, de Samuel Restucci e Emilio Romero, uma animação desenhada à mão que reconstitui os últimos momentos de Salvador Allende como Presidente da República e remonta a ofensiva militar que avançou contra palácio presidencial La Moneda, o prenúncio do terrorismo de estado que se estabeleceria a seguir.
Vale lembrar que “Los Huesos”, curta-metragem dos mesmos diretores de “A Casa Lobo” , também está disponível no catálogo da MUBI. Nele, a narrativa propõe um ritual de rompimento do casamento entre o Chile e suas heranças malditas.
O AUGE DO HUMANO
“O Auge do Humano", primeiro longa-metragem do argentino Eduardo Williams, estreou no catálogo da MUBI junto de outras produções vencedoras do CHANEL Next Prize em 1º de setembro.
Nele, o diretor acompanha três grupos de jovens em três diferentes regiões do planeta (Argentina, Moçambique e Filipinas), desafiando narrativas formais para abordar temas como a precariedade laboral da geração digital e os paradoxos da comunicação num mundo que se diz hiperconectado.
A sequência de “O Auge do Humano”, “O Auge do Humano 3”, estreou nos cinemas em 15 de agosto e eu conversei com o diretor sobre o projeto. Confira a entrevista aqui.
NOS CINEMAS
SOFIA FOI
“Sofia Foi” marca a estreia de Pedro Geraldo na direção de longas-metragens e acompanha 24 horas na vida de Sofia, uma jovem universitária que, de repente sem ter onde morar e nem com quem contar, se vê vagando pelas dependências da Universidade de São Paulo (USP).
Conforme o tempo passa, a jovem oferece seus trabalhos de tatuadora no campus, revive memórias de um amor que foi precocemente interrompido, tem aflorado um luto mal resolvido e é atravessada por encontros fugazes que mais aprofundam sua solidão e melancolia do que lhe oferecem acolhimento.
Além de ser responsável por carregar no olhar toda a falta de sentido e a lassidão que acometem a protagonista, a atriz Sofia Tomic (“A Sentença”) também assina o roteiro junto de Geraldo, atua como diretora de arte e produtora e contribui com a captação de som. Trata-se, portanto, de uma produção independente realizada a poucas mãos.
“O filme retrata o período limiar de transição da adolescência para a vida adulta e as angústias desse processo de amadurecimento”, explica Geraldo no material divulgado à imprensa. “Ao mesmo tempo, há o limbo entre vida e morte, já que a narrativa teve como ponto de partida eventos trágicos que aconteceram dentro da universidade, onde estudantes perderam a vida sem nenhuma explicação.”
“Sofia Foi” é o lançamento de setembro da Sessão Vitrine Petrobras, e por isso estreou no último dia 19 nos cinemas de todo o país com ingressos custando até R$20,00.
QUANDO EU ME ENCONTRAR
Um dia Dayane decide ir embora, deixando apenas um bilhete para a mãe, Marluce (Luciana Souza). Quem encontra o bilhete em casa é sua irmã mais nova, Mariana (Pipa). Em pouco tempo, Antônio (David Santos), noivo de Dayane, também percebe que foi deixado para trás. A única que parece conhecer o paradeiro de Dayane e seus motivos para ter partido é Cecília (Di Ferreira), sua melhor amiga cantora.
Marcando a estreia da dupla Amanda Pontes e Michelline Helena, (roteiristas do filme “A Filha do Palhaço” junto do cineasta Pedro Diógenes) na direção de longas-metragens, o drama cearense “Quando eu me Encontrar” se dedica a trabalhar os efeitos da ausência de uma personagem que nunca conhecemos na vida daqueles que ficaram.
Marluce, por exemplo, se resigna em silêncio diante da decisão da filha mais velha, mantendo com rigidez a árdua rotina de trabalhar numa cantina escolar durante o dia e em sua própria banquinha de comida caseira à noite, sempre dedicada a ser a mãe que ela acredita que deve ser. Mariana enfrenta problemas de adaptação na escola nova onde é bolsista e se irrita em casa com a postura da mãe sobre a partida da irmã. Antônio, por sua vez, se desespera por respostas sobre o porquê de ter sido abandonado.
São pessoas comuns tentando tocar a vida cotidiana enquanto reorganizam espaços físicos e emocionais a partir de um vazio repentino, e é bonito acompanhar a sensibilidade com que Pontes e Helena trabalham o universo particular de cada uma dessas figuras, também preservando sempre o direito de Dayane de simplesmente não estar.
“Quando eu me Encontrar” recebeu os prêmios de Melhor Filme e Melhor Roteiro pelo Júri da Crítica no Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba em 2023. Nos cinemas desde 19 de setembro.
NOTÍCIAS
PIMPINERO: Sangue e Gasolina
O Prime Video divulgou o trailer oficial de “Pimpinero: Sangue e Gasolina”. O filme, dirigido pelo colombiano Andrés Baiz (“Griselda”, “Narcos”) e roteirizado pela também colombiana María Camila Arias (“Pássaros de Verão”, “Os Reis do Mundo”), teve sua estreia mundial no início do mês, na seleção oficial do Festival Internacional de Cinema de Toronto, está confirmado na programação do Festival do Rio (que acontece entre 3 e 13 de outubro) e será lançado no serviço de streaming ainda este ano.
De acordo com a sinopse, a história é ambientada no deserto da fronteira entre Colômbia e Venezuela, onde contrabandistas de gasolina, conhecidos como "pimpineros", arriscam suas vidas transportando combustível ilegal de um país para outro.
PRÊMIOS ARIEL 2024
Aconteceu no último 7 de setembro a cerimônia de entrega dos Prêmios Ariel 2024, a maior premiação do cinema mexicano. O grande vencedor desta 66ª edição do evento foi “Tótem” (disponível na Netflix), de Lila Avilés. O longa, que já havia sido escolhido para representar o país no Oscar deste ano, levou cinco das 15 categorias em que estava indicado, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original.
Já “Temporada de Furacões” (disponível na Netflix), de Elisa Miller, recebeu três prêmios: Roteiro Adaptado, Edição e Maquiagem.
“Desaparecer por Completo” (disponível na Netflix), de Luis Javier Henaine, ficou com os prêmios de Efeitos Visuais e Efeitos Especiais.
Lista completa de vencedores dos Prêmios Ariel 2024
PREMIADOS EM VENEZA
Também em 7 de setembro foram anunciados os vencedores da 81ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza. “Manas”, primeiro longa-metragem de ficção de Marianna Brennand, conquistou o GDA Director’s Award, prêmio máximo da mostra paralela Giornate Degli Autori, cujo objetivo é destacar obras autorais e cineastas emergentes com visão cinematográfica inovadora. Brennand é a primeira brasileira a levar o prêmio.
Rodado na região amazônica, o longa tem como protagonista Marcielle/Tielle (Jamilli Correa), uma jovem de 13 anos que vive na Ilha do Marajó (PA) junto ao pai, Marcílio (Rômulo Braga), à mãe, Danielle (Fátima Macedo), e a três irmãos. Conforme amadurece, a menina decide confrontar a engrenagem violenta que rege a sua família e as mulheres da sua comunidade.
A ideia de realizar um filme com essa temática surgiu quando Brennand tomou conhecimento de casos de exploração sexual de crianças nas balsas do Rio Tajapuru, na Ilha do Marajó (PA). Em 2014, ela ganhou um edital de desenvolvimento de roteiro promovido pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e deu início às pesquisas para o trabalho, que incluíram diversas viagens para a região. Primeiramente, havia a intenção de realizar um documentário, campo no qual a cineasta atuava, mas logo essa ideia foi abandonada.
"No início da pesquisa, me deparei com uma questão ética muito séria. Era inaceitável para mim como documentarista colocar à frente da câmera crianças, adolescentes e mulheres para recontarem situações de abuso pelas quais haviam passado. Seria cometer mais uma violência contra elas. É um tema muito duro e complexo. O desafio era retratar não só uma dor física e emocional, mas também existencial, e isso foi algo que a ficção me permitiu trabalhar. Busquei estabelecer uma espécie de mergulho sensorial que conectasse o espectador à experiência emocional da protagonista”, explica a cineasta no material divulgado à imprensa.
Já “Alma do Deserto”, uma coprodução Brasil e Colômbia, foi exibido na Giornate Degli Autori e ficou com o Queer Lion. Essa é a primeira vez que uma produção brasileira vence o prêmio que reconhece o melhor filme com temática LGBTQIA+ no Festival.
Dirigido pela colombiana Mônica Taboada-Tapia, o documentário acompanha Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu que vive às margens de sua própria comunidade e que decide emitir uma nova carteira de identidade. “Alma no Deserto” já está confirmado na programação do Festival do Rio e a previsão é de que sua estreia comercial aconteça ainda este ano, com distribuição da Retrato Filmes.
Na mostra principal, “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, forte candidato a representar o Brasil no Oscar 2025, ficou com o prêmio de Melhor Roteiro para Heitor Lorega e Murilo Hauser.
Com Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro no elenco, o original Globoplay é uma adaptação do livro homônimo e autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe, Eunice Paiva (interpretada por Torres e Montenegro). Ambientada durante os anos 1970, em plena ditadura civil-militar, a trama acompanha a forma como Eunice se reinventa assumindo a liderança da família e tornando-se ativista pelos direitos humanos após o desaparecimento forçado de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Mello).
PAJUBÁ: o primeiro longa brasileiro totalmente trans
Criado por Hela Santana e dirigido por Gautier Lee (“De Volta aos 15”), “Pajubá” é o primeiro longa brasileiro filmado, editado e distribuído por uma equipe formada exclusivamente de pessoas trans.
O filme, que conta com personalidades transmasculinas, transfemininas e travestis de diversas áreas para representar a pluralidade de vivências da comunidade trans no Brasil, o país mais transfóbico do mundo, combina cenas documentais com encenações poéticas, ativismo, performance e música.
“‘Pajubá’ representa a pluralidade do nosso país, e a gente está tentando traduzir isso dentro do nosso recorte de vivências, pessoas e cultura trans. Queremos realmente mostrar que existe cultura e existe história trans em todas as partes desse país”, explica Gautier no material divulgado à imprensa.
Santana conta que teve a ideia para o filme em abril de 2021, em plena pandemia: “Eu me lembro de estar desempregada, com fome, e quase literalmente desistindo do sonho de trabalhar com audiovisual. Lembro de assistir a um programa na televisão chamado Falas da Terra, e na mesma hora a ficha caiu na minha cabeça: é isso! Aquela produção me mostrou que era possível de forma prática, honesta e bonita falar dos lados do Brasil que o Brasil mata mas finge que não vê”.
A produção é assinada pela Gautiverse em coprodução com a Arruda Filmes, e desenvolvimento criativo pela Yume Craft Studio.
Contato e PIX: eraumavez.americalatina@gmail.com